sexta-feira, 21 de novembro de 2008

DIABETES GESTACIONAL
É definido como qualquer de intolerância aos carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gestação.
Patogênese:
A patogênese do diabetes gestacional ainda não foi claramente delineada , porem é fato que a gestação esta associada a um certo grau de resistência insulínica e acredita-se que as gestantes que desenvolvem o diabetes gestacional possuem uma resistência maior associada a diminuição da reserva insulínica. As gestantes que apresentam fatores de risco devem ser rastreadas para se acompanhar de perto o comportamento da glicemia durante a gravidez.
Fatores de Risco:
1- Idade > que 25 anos.
2- Obesidade ou ganho excessivo de peso na gestação atual.
3-Disposição central da gordura corporal.
4- Baixa estatura.
5- História familiar de diabetes em parentes de 1º grau.
6- Hipertensão, pré-eclâmpsia, polidrâminio e crescimento fetal excessivo na gravidez atual.
7- Antecedentes obstétricos de macrossomia, morte fetal ou neonatal e diabetes gestacional.
Diagnóstico:
O diagnostico é feito através da realização da glicemia de jejum, solicitada na primeira consulta pré-natal para todas as gestantes.
A partir daí se o resultado for <>
Se apresentar dois ou mais fatores de risco, será repetida a glicemia de jejum a partir da 20ª semana; se o resultado for <> 90 é positivo.
As gestantes com glicemia de jejum > 90 mg/dl na primeira consulta são consideradas positivas para rastreamento, para valores de 90-109 mg/dl serão solicitadas TTG-75g-2h a partir da 20ª semana, se o resultado for <> 140 mg/dl é positivo.
As gestantes com glicemias de jejum > 110 mg/dl devem ser submetidas ao TTG-75-2h, se o resultado for <> 140 mg/dl o rastreamento é positivo.
As gestantes com rastreamentos positivos devem ser acompanhadas no pré-natal de alto risco.
Tratamento:
Consiste de início em controle dietético com mais ou menos 30-32 kcal/kg /dia, limitando-se a ingestão de carboidratos a 40% do total de calorias.
A partir do 2º trimestre acresenta-se 300 kcal/dia. Os adoçantes artificiais podem ser usados com cautela.Se com o controle dietético os níveis de glicemia de jejum não se estabilizarem em torno de 95 mg/dl e 2 h pós-prandial em torno de 120 mg/dl a aplicação de insulina de ação lenta deve ser iniciada com doses em torno de 0,3-0,5 U/kg/dia, de preferência em mais de uma dose diária.
Outros esquemas com aplicação de insulinas de ação intermediária e rápida podem ser adaptados individualmente.
O uso de antiglicemiantes orais esta formalmente contra-indicado na gravidez.Outro critério de avaliação para o uso de insulina no diabetes gestacional é a circunferência abdominal maior ou igual ao percentil 75 na ultra-sonografia entre 29 e33 semanas de gestação.
A atividade física é uma conduta que pode fazer parte do tratamento do diabetes gestacional ,devendo serem incentivadas as caminhadas regulares.Exercícios de alto impacto devem ser evitados. A conduta obstétrica deve seguir o protocolo de uma gestação de alto risco.A via de parto é uma decisão obstétrica porem deve-se levar em conta o risco de macrossomia, que após a 38ª semana é maior.
A amamentação deve ser estimulada e em caso de hiperglicemia nesta fase a insulina deve ser usada para controle.A partir da 6ª semana pós-parto a glicemia de jejum deve ser realizada e o resultado avaliado pelos critérios de rotina.
A paciente portadora de diabetes gestacional tem maior risco de desenvolver hipertensão, pré-eclâmpsia e de necessitar de cesariana.
Os riscos de macrossomia fetal, hipoglicemia, hipocalcemia, policitemia, icterícia prolongada também estão aumentados para estes fetos, além de uma chance maior de serem obesos e desenvolverem diabetes.
Gestantes com diabetes gestacional têm maiores probabilidades de no futuro desenvolverem diabetes melitus tipo II, principalmente as obesas.
Diante do exposto estamos convencidos de que a abordagem de uma gestante com diabetes gestacional deve ser multidisciplinar e humanizada, devendo envolver o trabalho e a atenção do obstetra, endocrinologista, assistente social, enfermeira, bioquímico, nutricionista e outros visto que se trata de uma patologia complexa que demanda cuidados especiais.O que constatamos na prática é que a maioria dos serviços de pré-natal em nosso país, principalmente os do interior não estão preparados para diagnosticar nem acompanhar os casos de diabetes gestacional.

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