sexta-feira, 21 de novembro de 2008

FICHAMENTO

Associação entre o estado nutricional pré-gestacional e a predição do risco de intercorrências gestacionais

RESUMO: Os países em desenvolvimento enfrentam duas situações extremas de má-nutrição: de um lado, a subnutrição e, do outro, o aumento do sobrepeso, da obesidade e das enfermidades crônicas5. O Brasil, em particular, encontra-se numa fase de transição epidemiológica, com alteração no perfil de morbimortalidade populacional, na qual as doenças infecciosas e parasitárias estão dando lugar às doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, por exemplo.
Dadas as repercussões na saúde da mãe e de seu filho, as alterações nutricionais necessitam ser compreendidas e trabalhadas na atenção básica, na lógica da integração com os programas de saúde materno-infantil, com vistas à melhoria do resultado obstétrico – redução dos índices de morbimortalidade materna, melhoria das condições ao nascimento (peso e idade gestacional ao nascer) e redução da mortalidade perinatal3,4.
O ganho ponderal ao longo da gestação é um fator importante para o crescimento fetal e guias de recomendações para ganho de peso adequado na gestação, baseadas no índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional, vêm sendo propostas ao longo da última década4 .
Visando reforçar a importância da adequação do estado nutricional em mulheres na idade reprodutiva, o presente estudo objetivou verificar a associação entre o estado nutricional pré-gestacional com os desfechos síndromes hipertensivas da gravidez (SHG), diabetes gestacional (DG), deficiência de vitamina A (DVA), anemia e com o baixo peso ao nascer (BPN).
Foram utilizadas informações de 433 puérperas adultas (com mais de 20 anos), atendidas na Maternidade Escola (ME) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e seus respectivos recém-nascidos, incluídos originalmente nos estudos "Carência de vitamina A no binômio mãe-filho e distribuição intraplacentária de retinol" (n=225) e "Avaliação do impacto da assistência nutricional no resultado obstétrico" (n=208).
O primeiro estudo mencionado traçou o perfil de saúde e nutrição das puérperas e seus recém-nascidos, e o segundo testou uma proposta de assistência nutricional pré-natal, visando fornecer subsídios para o estabelecimento de um modelo de assistência nutricional.
Avaliou-se a concordância entre as informações referentes ao peso materno pré-gestacional referido e o medido até a 13ª semana gestacional e verificou-se boa concordância entre as medidas (ICC=0,961, intervalo de confiança de 95% (IC95%=0,939-0,976).
O IMC pré-gestacional foi classificado de acordo com os seguintes pontos de corte: baixo peso (IMC<18,5>30,0 kg/m2 ), segundo a WHO2.
As informações sobre as intercorrências gestacionais foram obtidas por meio de consulta aos pareceres da equipe médica e avaliação dos exames laboratoriais incluídos nos prontuários, considerando-se as recomendações do Ministério da Saúde12.
O DG foi diagnosticado, segundo a recomendação preconizada pelo Ministério da Saúde, com a realização do teste oral de tolerância a glicose com 75 g de glicose, sendo resultado positivo os valores em jejum >110 mg/dL e duas horas após >140 mg/dL. As SHG foram identificadas quando os níveis de pressão arterial eram iguais ou maiores que 140 mmHg de pressão sistólica e iguais ou maiores que 90 mmHg de pressão diastólica, mantidos em duas ocasiões12; os casos de pré-eclâmpsia e eclâmpsia a freqüência de desvio ponderal pré-gestacional (baixo peso, sobrepeso e obesidade) foi de 31,6%.

RESULTADOS: a freqüência de desvio ponderal pré-gestacional (baixo peso, sobrepeso e obesidade) foi de 31,6%. Considerando-se o estado nutricional pré-gestacional, aquelas com sobrepeso e obesidade apresentaram menor ganho ponderal do que as eutróficas e as com baixo peso (p<0,05). or="6,3;" or="7,1;" p="0,002," p="0,049," p="0,002," p="0,009).
CONCLUSÕES DO AUTOR: a expressiva quantidade de mulheres com desvio ponderal pré-gestacional reforça a importância da orientação nutricional que favoreça o estado nutricional adequado e minimize os riscos de intercorrências maternas e do recém-nascido.
COMENTÁRIOS DO LEITOR: As alterações nutricionais necessitam ter atenção básica nos programas de saúde materno-infantil e programas de sáude da familia, pois o ganho ponderal ao longo da gestação é um fator importante para o crescimento fetal, assim como, aumenta o risco para o desencadeamento de diabetes gestacional, hipertensão e de outras intercorrencias associadas tanto pra mae como para o filho.

REFERÊNCIAS: PADILHA, Patricia de Carvalho et al. Associação entre o estado nutricional pré-gestacional e a predição do risco de intercorrências gestacionais. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2007, vol. 29, no. 10 [citado 2008-11-21], pp. 511-518. Disponível em: < script="sci_arttext&pid=" lng="pt&nrm=">. ISSN 0100-7203. doi: 10.1590/S0100-72032007001000004.

Nenhum comentário: